Escorregamento Em Motores De Indução Trifásicos Calculando E Entendendo
O escorregamento é um conceito fundamental para entender o funcionamento e o desempenho dos motores de indução trifásicos. Neste artigo, vamos explorar detalhadamente o que é o escorregamento, como ele é calculado e qual a sua importância para a operação eficiente desses motores. Para ilustrar, vamos utilizar um exemplo prático de um motor de 12 kW, 75% de rendimento, 480V, 60 Hz e 8 polos, considerando as perdas no ferro do estator, perdas mecânicas e perdas no cobre do estator.
O Que é Escorregamento?
Em motores de indução trifásicos, o escorregamento é definido como a diferença entre a velocidade síncrona do campo magnético rotativo no estator e a velocidade real do rotor, expressa em termos percentuais da velocidade síncrona. Simplificando, o escorregamento representa o quanto o rotor está “patinando” em relação ao campo magnético giratório. Essa diferença de velocidade é essencial para a indução de corrente no rotor, que, por sua vez, gera o torque necessário para o motor funcionar.
A velocidade síncrona é determinada pela frequência da fonte de alimentação e pelo número de polos do motor. A fórmula para calcular a velocidade síncrona () é:
Onde:
- é a frequência em Hertz (Hz)
- é o número de polos
A velocidade do rotor () é a velocidade real com que o rotor gira, geralmente medida em rotações por minuto (RPM). O escorregamento () é então calculado pela seguinte fórmula:
Importância do Escorregamento
O escorregamento é crucial para o funcionamento do motor de indução. Se o rotor girasse na mesma velocidade que o campo magnético (escorregamento zero), não haveria variação do fluxo magnético no rotor, e, portanto, nenhuma corrente seria induzida. Sem corrente induzida, não haveria torque e o motor não funcionaria. O escorregamento permite que a corrente seja induzida no rotor, criando o torque necessário para acionar a carga.
Cálculo do Escorregamento: Um Exemplo Prático
Vamos agora calcular o escorregamento do motor de indução trifásico com as seguintes características:
- Potência de saída: 12 kW
- Rendimento: 75%
- Tensão: 480V
- Frequência: 60 Hz
- Número de polos: 8
- Perdas no ferro do estator: 0,8 kW
- Perdas mecânicas: 0,3 kW
- Perdas no cobre do estator: 2 kW
Passo 1: Calcular a Velocidade Síncrona ()
Utilizando a fórmula da velocidade síncrona:
A velocidade síncrona do motor é de 900 RPM.
Passo 2: Calcular a Potência de Entrada ()
O rendimento () é dado por:
Onde:
- é a potência de saída (12 kW)
- é a potência de entrada
- é o rendimento (75% ou 0,75)
Rearranjando a fórmula para encontrar a potência de entrada:
A potência de entrada do motor é de 16 kW.
Passo 3: Calcular a Potência no Entreeferro ()
A potência no entreferro () é a potência que efetivamente atravessa o entreferro do estator para o rotor. Ela é calculada subtraindo as perdas no cobre do estator e as perdas no ferro do estator da potência de entrada:
A potência no entreferro é de 13,2 kW.
Passo 4: Calcular a Potência Desenvolvida ()
A potência desenvolvida () é a potência convertida em forma mecânica no rotor. Ela é calculada subtraindo as perdas no cobre do rotor da potência no entreferro. Para calcular as perdas no cobre do rotor, precisamos da relação entre as perdas no cobre do rotor e o escorregamento (). A relação é dada por:
No entanto, ainda não conhecemos o escorregamento, então precisamos de uma abordagem diferente para calcular . Podemos calcular subtraindo as perdas mecânicas da potência de saída:
A potência desenvolvida é de 12,3 kW.
Passo 5: Calcular as Perdas no Cobre do Rotor ()
Agora podemos calcular as perdas no cobre do rotor subtraindo a potência desenvolvida da potência no entreferro:
As perdas no cobre do rotor são de 0,9 kW.
Passo 6: Calcular o Escorregamento ()
Agora podemos usar a relação entre as perdas no cobre do rotor e o escorregamento para calcular o escorregamento:
Convertendo para porcentagem:
O escorregamento calculado é de aproximadamente 6,82%. No entanto, precisamos verificar se este valor corresponde a alguma das opções fornecidas. Analisando as opções (A) 3,5%, (B) 4,2%, (C) 5,0%, e considerando que o valor calculado de 6,82% não corresponde diretamente a nenhuma delas, pode haver uma margem de erro ou uma simplificação no problema. Para fins de discussão, vamos analisar qual das opções seria mais razoável considerando o contexto.
Passo 7: Calcular a Velocidade do Rotor ()
Para calcular a velocidade do rotor, precisamos rearranjar a fórmula do escorregamento:
Substituindo os valores calculados (usando o escorregamento de 6,82%):
Análise das Opções e Discussão
As opções fornecidas são:
- A) 3,5%
- B) 4,2%
- C) 5,0%
O valor calculado de 6,82% não corresponde a nenhuma das opções. No entanto, vamos analisar o impacto de cada opção na velocidade do rotor e na potência envolvida:
- Opção A (3,5%): Perdas no cobre do rotor: Potência desenvolvida:
- Opção B (4,2%): Perdas no cobre do rotor: Potência desenvolvida:
- Opção C (5,0%): Perdas no cobre do rotor: Potência desenvolvida:
Nenhuma das opções corresponde exatamente aos cálculos que fizemos, mas a Opção C (5,0%) parece ser a mais próxima, considerando as aproximações e possíveis erros nas informações fornecidas. A diferença entre a potência desenvolvida calculada (12,3 kW) e a potência desenvolvida com um escorregamento de 5% (12,54 kW) é relativamente pequena.
Conclusão
O cálculo do escorregamento em motores de indução trifásicos envolve várias etapas e considera diferentes tipos de perdas. No exemplo prático que analisamos, o escorregamento calculado foi de 6,82%, mas, considerando as opções fornecidas, a Opção C (5,0%) seria a mais razoável devido à proximidade dos valores de potência desenvolvida. É fundamental entender o conceito de escorregamento para otimizar o desempenho e a eficiência dos motores de indução em diversas aplicações industriais e comerciais.